quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

03. The Black Crowes - Shake Your Money Maker

A banda (na época desse disco):

Chris Robinson - vocais
Young Rich Robinson - guitarra (solo)
Jeff Cease - guitarra (base)
Steve Gorman - bateria
Johnny Colt - baixo





Lançamento: Jan/1990


Playlist:

01. Twice as Hard
02. Jealous Again
03. Sister Luck
04. Could I've Been so Blind
05. Seeing Things
06. Hard to Handle
07. Thick N' Thin
08. She Talks to Angels
09. Struttin' Blues
10. Stare it Cold

Adoro esse disco. Simples assim. Eu comprei ele em 2004, numa viagem pro exterior. Até onde eu sei nem adianta você sair como um louco - por que eu vou sim tentar fazer você também se apaixonar por esse disco - já que ele saiu de catálogo aqui no país do carnaval há algum tempo. Mas com as maravilhas da internet eu tenho certeza que você consegue ele de outras formas.

Essa banda é uma das minhas favoritas. Como esse é o primeiro álbum gravado pelos Black Crowes, dá pra perceber que eles se formaram pouco antes dos anos 1990, na verdade nem tão pouco, foi em 1984 e eles são estadunidenses. Eles ainda estão na ativa, digo os irmãos Robinson, já que a formação teve diversas alterações durante os anos. O último disco de estúdio dos caras é o "Lions", de 2001, quem quiser procura por que é bom, apesar de nem tanto quanto esse. Eles lançaram uns discos ao vivo, mas isso não conta, o último foi em 2006, ou seja eles estão na ativa. Outras coisas legais desse disco: (1) o produtor executivo é o Rick Rubin - não sabe quem ele é? Vou dar uma canja e você pode clicar aqui. (2) O nome "Shake Your Money Maker" vem de um blues homônimo que um cara chamado Elmore James compôs na década de 1960 e os Black Crowes gravaram num cd duplo de um show que eles fizeram com o Jimmy Page - também não sabe quem é? Pede pra sair! Procura no Google e eventualmente você vai acabar descobrindo alguma música que ele compôs e você conhece (leia-se: "Stairway to Heaven" e/ou "All My Love" e/ou "D'yer Mak'er").

Pra quem gosta de rótulos, eles tocam um hard rock ou stoner rock; prefiro falar das influências: a maior de todas e mais clara são os Rolling Stones. Outras bandas de rock setentistas também entra na lista, como Led Zeppelin ou mesmo os antológicos Creedence Clearwater Revival, Lynryd Skynryd e até Beatles. O que isso significa? Eles tocam um rock mais baseado em riffs basicões mesmo, usam muito os famosso três acordes e solos genuínos, sem a aporrinhação dos virtuosi, ou seja são autênticos blueseiros, além de contar com um vocalista com um tom de voz sensacional e que parece uma hippie. Além disso eles abusam do piano - nos créditos do disco está escrito assim: Músicos adicionais: Chuck Leavell: piano, órgão e jaquetas caras - sempre lembrando o blues e dando um tom de música de saloon pra sonoridade da banda . Outra coisa que eu diria do estilo deles é que eles soam como bandas velhas - os roqueiros setentistas - que se mantiveram e sofreram pequenas influências do mundo dos anos 1980 e 1990.

Nesse álbum estão as baladas mais famosas deles. Apesar disso não é só de musicas pra escutar abraçado com a namorada que vivem os corvos daquele desenho antigo. A banda toca abertamente roquenrou, logo eles têm músicas agitadas e eu diria inclusive dançantes. Quem já ouviu alguma coisa deles conhece pelo menos duas músicas: "Remedy" - do segundo disco - e "She Talks to Angels" - faixa de número oito aqui - , uma das mais bonitas músicas que eu já ouvi. Com um riff de violão muito agradável, acompanhado do piano certeiro e a linda melodia dos vocais de Chris. Logo depois da metade um verso à parte entra fazendo uma reintrodução do violão, que inclusive lembra muito as baladas dos Rolling Stones. As outras baladas são "Sister Luck", também bem parecida com os Stones e "Seeing Things", bem mais devagar e melosa que as outras duas, mas muito boa e com um refrão que usa de todo o grande potencial da voz de Chris Robinson. Ainda sobre as baladas, as letras aqui são meio depressivas, falando sobre perda, vício e tristeza de uma forma geral; no decorrer dos trabalhos da banda as letras vão mudando para o tema do amor de uma forma mais viva e alegre.

As outras sete músicas são um rock mais puxado para o blues. Todas com refrões marcantes e riffs bem característicos da banda. Destaque para "Jealous Again", uma das que mais fizeram sucesso, com o tom meio "pub", devido à forma como o piano é tocado, inclusive no rápido e muito bom solo. Outra caacterística da banda, principalmente desse álbum são as "paradas" que as músicas costumam dar, silenciando a cozinha - baixo e bateria - e ressaltando o vocal e as guitarras e criando um pequeno suspense, normalmente para o refrão ou para uma reintrodução. Exemplos são "Struttin' Blues" e "Hard to Handle", que inclusive é uma versão de um blues da década de 1960 e a única música não creditada aos irmãos corvos.

A abertura é uma música que parece ter sido gravada durante um gig - aqueles shows gigantes em estádios - tamanha a sua energia. "Twice as Hard" tem um riff muito empolgante, assim como os excelentes pré e pós-refrão - feitos em "paradinhas"- e um solo honesto e sem muita firula. Outro momento de destaque é a música "Thick N' Thin", logo após a já mencionada "Hard to Handle", com um começo surpreendente e de andamento mais rápido, é a faixa com mais energia do disco. O solo fica na introdução e no final e o refrão tem uma seqüência interessante de acordes. No meio uma pequena brincadeira com o piano e uma parada muito bem colocada, chamando de volta para o refrão final que termina em um solo geral. Música para se ouvir em uma das highways estadunidenses a uns 140km/h.

Após a boa "Struttin' Blues", que parece mais com as bandas que influenciam os Black Crowes e menos com o estilo que eles desenvolveram, vem a empolgante "Stare it Cold". A última música do disco é baseada num riff de blues mais preguiçoso e sobe em energia durante o refrão, mas se mantendo sempre no ritmo arrastado. O uso do piano e teclados nela é novamente pontual e certeiro, dando o clima de música de saloon do velho oeste estadunidense. Mais uma vez o recurso da "parada" é utilizado, aqui para a reintrodução da música aos últimos dois minutos, que contém um refrão e uma ponte que altera a música para um ritmo bem mais agitado, com uma combinação dos vocais - a letra aí entrando com a metragem perfeita das sílabas - piano, guitarras e cozinha para terminar o disco fervendo com uma expressão perfeita para descrever o que se passou durante os últimos 45 minutos: "Oh yeah!". E tenho dito.

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