Alex Kapranos - vocais/guitarra
Nick McCarthy - vocais/guitarra/piano
Bob Hardy - baixo
Paul Thomson - bateria
Lançamento: 04/10/2005
Playlist:
01. The Fallen
02. Do You Want To
03. This Boy
04. Walk Away
05. Evil and a Heathen
06. You're the Reason I'm Leaving
07. Eleanor Put Your Boots On
08. Well That Was Easy
09. What You Meant
10. I'm Your Villain
11. You Could Have It So Much Better
12. Fade Together
13. Outsiders
Nem sempre gostei dessa banda. Quando eu comprei o primeiro disco dele eu me arrependi até que eles se tornaram uma das bandas novas que eu mais ouço. Como eles apareceram logo depois dos Strokes eu pensava que eram simplesmente uma resposta da indústria fonográfica britânica/européia aos "salvadores do rock" dos EUA - à propósito eles foram chamados pela nossa cara Rede Globo de Televisão de "a nova coqueluche do rock mundial". Ainda assim eu achava eles mais legais que os bêbados estadunidenses; apesar de gostar de Strokes também eu prefiro a sonoridade britânica do Fraz Ferdinand. Essa foi a minha idéia da banda até eu descobrir, com esse segundo disco, que eles eram muito maioes que isso. Agora eles se mostraram bastante independentes das marés do mainstream, com composições bem mais originais. Muito diferente do primeiro disco, é até difícil comparar os dois e dizer qual é o melhor, a banda também se diferenciou no mundo indie com essas novas composições.
Eles se juntaram - em Glasgow, Escócia - com a intenção de tocar músicas dançantes, sem deixar de lado o rock, algo que não é explorado por quase nenhuma banda brasileira, apesar de existir bastante fora. Quando eles apareceram foram comparados com o Interpol, banda formada três anos antes em Nova York; eles realmente guardam semelhanças, mas os escoceses sempre soaram melhores para mim. O ritmo bem marcado, tanto pela bateria quanto pelo baixo, caracteriza o estilo deles, assim como o tom de voz bem mais grave que o que estamos acostumados a ouvir nesses últimos anos, fazendo a música lembrar bastante alguns grandes do fim dos anos 1970 e da década de 1980, como Talking Heads, Joy Division ou mesmo Gang of Four. O vocalista e galã nas horas vagas Alex Kapranos é na verdade um dos pontos fortes da banda, tanto pelo seu tom de voz como pela levada das melodias que canta. Apesar disso nesse disco eles mostram uma faixa que me espantou bastante, mostrando outras influências bem anteriores da banda.
A faixa de abertura é uma surpresa para quem estava acostumado com o vocal mais simples, em termos de versos curtos bem visível no primeiro disco. Kapranos canta muito mais rápido que o de costume, o que é propiciado pela letra mais longa. A introdução dela também é muito interessante, passando por quase todos os riffs de guitarra usados no decorrer da faixa. Uma parada das guitarras mantendo a cozinha tocando mantém a energia da música para um final bem estruturado com um "solo" de guitarra bem disfarçado, já que não é - ou era, no disco anterior - de costume deles usar esse recurso em suas composições. A segunda música foi o primeiro hit do álbum, e é mais semelhante às do disco anterior. Apesar de ser relativamente simples, não deixa de ser empolgante e mostrar todo o poder das guitarras da banda. "This Boy" é mais diferente do que eles costumavam fazer, sendo mais explorada a guitarra em tons agudos, contrastando com o tom de voz dos vocais. Ela também levanta uma questão polêmica da banda, a homossexualidade. Assim como em "Michael", do primeiro disco deles, essa é uma música que trata de um garoto, que é dito "bom pretendente" na letra.
A terceira música foi a segunda de trabalho que apareceu aqui nas terras tupiniquins, não sei lá fora. É uma espécie de balada mórbida - à propósito morbidez é um adjetivo bom para as músicas paradoxalmente animadas deles. Essa composição me lembra The Cure, tem uma melodia mais preguiçosa e um refrão bem forte. A letra fala do desprezo do sujeito com os seus casos amorosos, mostrando como ele não se importa mas a separação é algo muito grande. Os próprios componentes da banda admitem não querer passar nenhuma mensagem m suas letras, portanto elas não são lá muito criativas. Em seguida a polaridade é invertida em um riff carregado de raiva e distorção. "Evil and a Heathen" é uma música explosiva e um dos motivos pelos quais esse álbum é tão diferente do primeiro, com muita distorção em uma das guitarras e uma melodia raivosa nos vocais. Mantendo o clima, a sexta faixa é mais dançante que as duas anteriores, com a guitarra interessante acompanhando o vocal e um solo de guitarra no meio, mas que não é exatamente um solo de acordo com o que nossos ouvidos estão acostumados. O final dela é repentido então para a entrada da faixa mais surpreendente do disco na minha opinião.
"Eleanor Put Your Boots On" é uma composição perdida dos Beatles. Isso não é verdade, mas poderia perfeitamente sê-lo. Os vocais aqui são um pouco mais agudos, a base é feita num violão e um piano acompanha a músca inteira, que tem um ritmo mais acelerado que o de costume da banda. Após todos os refrões uma ponte é feita com a guitarra mais distorcida e o piano. O piano também é ator de um belo riff que está tanto na introdução quanto em uma transição no decorrer da faixa. Essa música é uma prova concreta de como o quarteto de Liverpool impôs um curva na história da música mundial. Uma das maiores surpresas que o Franz Ferdinand já me proporcionou é essa linda composição. Se você não quiser ouvir o disco inteiro ouça essa música. Só atente para o fato de que no clipe, como é de costume da banda, a música é um pouco diferente, mais acelerada e tem um bandolim no lugar do piano em algumas partes. Agora, se você gosta da banda e quer ser surpreendido mas já conhece essa música procure covers que eles tenham tocado. Um belo exemplo é a cover de "What You Waiting For" da Gwen Stefany, ex-vocalista do No Doubt e atualmente seguidora do legado Britney Spears. O "clipe" - na verdade é uma montagem - clicando aqui.
Depois desse divisor de águas na concepção do que era e o que é o Franz Ferdinand voltamos à nossa programação normal com a empolgante "Well That Was Easy". Seu maior trunfo é sua finalização. Se não fosse por ela seria uma música bem semelhante às anteriores. Isso entretanto não impede que ela seja uma boa música, apenas não vai além do que está no resto do disco. A faixa seguinte começa com uma poderosa introdução, que levanta ainda mais o já alto nível de energia presente. Apesar de ser agradável ela peca pelo excesso, pelo menos essa sempre foi a minha opinião em relação a ela. Imagino que se "What You Meant" terminasse na penúltima estrofe seria bem melhor. Mas é apenas um pequeno detalhe. "I'm Your Villain" é outro ponto alto do álbum. Seus riffs são poderosos, empolgantes, impõem-se no ambiente. A linha de baixo dela ajuda, bem grave e simples compõe o clima da música. A bateria dela também de destaca, enfim, é uma música muito boa.
A próxima faixa - que dá nome ao disco - vem depois do bom solo que finaliza a anterior, com uma abertura sensacional apenas com o vocal e a guitarra. Eu acho que ela é a melhor faixa do disco, excluindo-se "Eleanor Put Your Boots On", já que esta foge bastante do estilo da banda. Com um ritmo bem rápido e ascendente, ela é a mais empolgante e tem um solo - eles são mais um dos fatores que diferenciam esse disco do anterior - muito bom. Sua finalização é tão empolgante quanto todo o resto, porém é em um nível acima de energia e termina de repente, introduzindo a canção de ninar do disco, "Fade Together".
Encaminhando-se para o final uma baladinha, com o piano realizando seu papel e mostrando a gama de possibilidades dessa banda. Para terminar o ótimo álbum, "Outsiders" tem certa influencia de funk nas guitarras e no baixo, mas a utilização de um sintetizador tranporta a música para o espaço sideral. Um ÔÔÔôôôô intermitente na faixa contribui para o clima de estranheza que ela provoca e o solo - novamente ele - feito no sintetizador reintroduz a primeira estrofe para terminar bem o disco. Enfim, se você gosta de um rock mais cru e da sonoridade dos grupos britânicas, mas não conhece bandas mais novas essa é uma excelente oportunidade. E se você é indie obviamente conhece o Fraz Ferdinand e se nunca ouviu esse disco está no prejuízo.
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