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sábado, 31 de maio de 2008

11. Blind Melon - Blind Melon

A banda:

Shannon Hoon - vocais
Christopher Thorn - guitarra
Rogers Stevens - guitarra
Brad Smith - baixo
Glen Grahan - bateria


Lançamento: 14/09/1992


Playlist:

01. Soak the Sin
02. Tones of Home
03. I Wonder
04. Paper Scratcher
05. Dear Ol' Dad
06. Change
07. No Rain
08. Deserted
09. Sleepyhouse
10. Holyman
11. Seed to a Tree
12. Drive
13. Time


Eventualmente publicarei aqui algum CD de uma banda brasileira – mais especificamente mineira de Ouro Branco – chamada Cartoon. O som deles é basicamente roquenrol, com influências de clássico dinossauros do roque, como Led Zeppelin ou até mesmo flertando com o pop, seguindo sua grande influência do Queen. Entretanto existe um toque especial no Cartoon que faz com que qualquer coisa que eles toquem fique – como os próprios dizem – “cartooniano”. Há algo de indiano, de clássico, de hippie, que caracteriza o som muitíssimo peculiar da banda. E por que raios eu estou falando dessa banda independente mineira numa análise de uma banda californiana? Pelo simples fato de serem bandas bastante parecidas. Chuto até que os hippies do Blind Melon tiveram grande influência na música dos hippies do Cartoon. O Blind Melon tem um som quase tão particular quanto o Cartoon – não conseguem ser tão estranhos porque os cartoonianos são todos, ou quase todos, maestros formados. As influências são parecidas, Lynryd Skynryd, o próprio Led Zeppelin, os hippies originais, e não os deslocados para o inicio da década de 1990 que compunham a banda. Eles eram uma banda muito fora do circuito mainstream da época, com o grande boom do grunge, um som muito mais sujo que o do Blind Melon – Nevermind, o grande álbum do Nirvana foi lançado no mesmo ano, bem como o Ten, debute do Pearl Jam.

A banda então, não era um bom representante do grunge, apesar de guardar algumas poucas semelhanças com o Pearl Jam, o que dificultava seu aparecimento para a mídia. Entretanto, eles fizeram muito sucesso. Muito mesmo. Duas coisas colaboraram para isso: 1) como conseqüência de um amigo-de-um-amigo-meu – no caso amiga – eles foram apresentado a um certo Axl Rose, que deu a eles oportunidade de abrir alguns shows de sua banda, o pouco conhecido Guns ‘n Roses. Ninguém que abre para uma banda desse calibre passa despercebido de alguma gravadora. E foi o que aconteceu, logo conseguiram um contrato para gravarem esse disco, que é o primeiro da banda. 2) se você ainda não sabe quem é essa abelhinha na capa do disco clique aqui e refresque sua memória ou conheça o som da banda. Sim, o clipe é fofo, lindo, a abelhinha é uma gracinha e tudo mais, já chega de hormônio feminino. Com esse clipe e essa música – talvez a melhor da banda – eles conseguiram uma repercussão enorme e venderam muito.

Cansei de contar historinhas. O que eu posso falar desse disco é que ele é surpreendente. Muito mais rico que simplesmente o grande hit “No Rain”, o disco é permeado por muitas guitarras e a grande voz de Shannon Hoon, que alem disso é um belo interprete das suas músicas, colocando muitas nuances no seu vocal. Todos os músicos são muitíssimo competentes, com certo destaque para o baixista, na minha opinião, que consegue fazer suas linhas em complemento com as também boas guitarras, mas sem ficar preso nelas, apenas imitando o riff.

Basicamente, o que se escuta é roque durante o disco inteiro, roque de muita qualidade. O toque hippie vem das viagens presentes em todas as faixas, com um momento bastante dissonante. A faixa 2, “Tones of Home” é um bom exemplo de tudo isso, seguindo um padrão típico, com seu riff, refrão e etc, mas toma um momento para fugir da fórmula em direção à psicodelia, com dissonâncias, solos picados, vocais “moles”, enquanto a cozinha – baixo e bateria – mantém a lógica e, depois de uma prova do poder da voz de Hoon e outro solo mais tradicional, voltam ao modelo básico da música. A faixa seguinte também tem algo disso na sua introdução, que parece ser uma música totalmente desvinculada do que é tocado nos quatro minutos seguintes; eles saem de uma roda de hippies com um violão para um hard rock meio estilizado.
De fato não é lá muito fácil gostar do estilo que a banda toca. Não é o que estamos acostumados a ouvir, nem o que esperamos depois de assistir ao clipe de “No Rain”. Apesar da sétima faixa do álbum ter uma sonoridade bem típica do Blind Melon, ela é menos roqueira que as demais e mais próxima do mainstream. E também é bem mais próxima das mentes que escutarão o disco e não são hippies. As letras do disco têm um pouco de psicodélico, de romântico, de psicótico – ex.: “Paper Scratcher” – e os vocais são agudos, arranhados e meio lunáticos, com um jeito bem próprio de encaixar os versos. As guitarras tanto de Thorn quanto Stevens são muito autônomas, com influências indianas e roqueiras, mas não costumam ser muito ininteligíveis. A cozinha faz seu trabalho muito bem, o baixo, como já disse é bastante criativo e um pouco independente das guitarras e a bateria está sempre mantendo a banda no lugar, mas sem ser repetitiva ou excessiva.

“Change” é uma faixa escolhida a dedo para preceder “No Rain”. Ela é mais calma, menos elétrica – na verdade nada elétrica – e usa instrumentos que quase não serão usados no resto do disco, o bandolim e a gaita. É bem “música para acampamento”, para tocar numa roda com os amigos, com um clima mais tranqüilo. É uma composição muito boa, que fez certo sucesso também, imagino que por sua semelhança com o hit que a segue. A faixa 7 tem base em violão, sem riff, ao contrário das bases do resto do álbum. O riff é tocado pela guitarra de solo, que faz qualquer um ter vontade de sair dançando como um hippie louco. É uma música muitíssimo agradável de se ouvir e a melhor letra do disco na minha opinião. Não é à toa que foi o grande hit da banda.

Depois de “No Rain” estamos de volta ao roquenrol da banda, com uma boa música, cheia de energia e com uma letra que eu gosto de chamar de psicótica. Leia e tire suas prórpias conclusões das imagens oníricas de “Deserted”. Outro destaque do disco é “Sleepyhouse”, faixa seguinte que começa na Índia e se desenvolve para uma quase balada. A voz aqui é menos arranhada, mais macia, e o andamento mais lento para chegar ao refrão, onde a música ganha um nível mais elevado de energia.

Uma temática comum do disco são as viagens não apenas causadas pela música, mas principalmente as psicotrópicas. É aqui que vem a parte mais triste da banda. Hoon era um hippie mais “hardcore” e era viciado em drogas. Em entrevistas ele afirmou não ter recordações de quando gravou nenhuma das músicas e foi internado algumas vezes em clínicas de reabilitação. Após as gravações do segundo disco da banda, durante a turnê ele tentou se manter longe das drogas, mas acabou morrendo de overdose em outubro de 1995, deixando o roque sem o seu grande talento, tanto como letrista quanto como vocalista. A banda tentou continuar com o baixista cumprindo também o papel de vocalista, mas logo declarou seu fim. Outras duas curiosidades para quebrar o clima. A abelhinha da capa do disco e estrela do clipe é irmã do baterista, Glen Grahan e nomeou um disco da banda lançado com os restos de gravação que Hoon deixou prontos. E o estranhíssimo nome da banda é como o pai de Brad Smith chamava um casal de hippies que eram seus vizinhos. Se você gosta de bandas como The Black Crowes ou mesmo dos dinossauros do roque, você provavelmente vai gostar de Blind Melon. Hippies também são bem vindos, bem como os que convivem com eles.

sábado, 29 de dezembro de 2007

05. Led Zeppelin - Led Zeppelin (I)

A banda:

Robert Plant - vocais/gaita
Jimmy Page - guitarras
John Paul Jones - baixo/órgão
John Bonhan - bateria






Lançamento: 12/01/1969


Playlist:

01. Good Times Bad Times
02. Babe I'm Gonna Leave You
03. You Shook Me
04. Dazed and Confused
05. Your Time Is Gonna Come
06. Black Mountain Side
07. Communication Breakdown
08. I Can't Quit You Baby
09. How Many More Times

Uma curiosidadezinha pra quem é fã ou não: clique aqui

Esse é o primeiro disco de uma das maiores bandas da história. O Led Zeppelin foi reunido com o término dos Yardbirds, que teve na formação figuras como Eric Clapton e Jeff Beck, além do franzino Jimmy Page. Para manter o compromisso dos shows marcados após a debandada dos outros membros da banda, Page teve que montar outro grupo que estivesse à altura de, pelo menos, realizar os shows. The New Yardbirds foi formada pelo mesmo quarteto que se transformaria no Led Zeppelin, nome que veio da expressão que Kieth Moon - o surtado baterista do The Who - dava aos shows ruins, que caíam como um zepelim de chumbo ("lead zeppelin"); Page queria à muito tempo ter uma banda com esse nome e aproveitou a oportunidade, mas alterou a grafia - lead para led - para não haver confusão com "zepelim líder".

A estréia da banda foi muito boa, atingindo a 10ª posição nas paradas dos EUA e 4ª na sua terra-mãe, a Inglaterra. Apesar de não ser o melhor disco deles ele é excelente, com um rock um pouco mais pesado que é o embrião do que futuramente seria o metal, mas também muito influenciado pelo blues. Ou seja, o disco tem riffs o tempo todo, músicas mais pesadas do que o que acontecia na época e outras com o andamento preguiçoso do blues. O vocal de Robert Plant é impressionante, ainda que a música que mostra todo o seu potencial ainda estaria por vir no terceiro disco, e os riffs de Page chamam a atenção, como já faziam antes da formação do grupo e o fazem até hoje. John Paul Jones está sempre presente não apenas como o baixista, mas como músico sensacional que é, tocando o órgão em solos inclusive e como arranjador, criando músicas - nesse álbum são quatro das nove, dessas nove outras três são versões. John Bonhan, que já era um baterista famoso antes de entrar para a banda também oferece contribuição valiosa, é máquina atrás de todos impulsionando as músicas com seu ritmo e viradas impressionantes.

A abertura do disco é impositória. Page mostra a que veio, com um riff forte, assim como o acorde que introduz a música. A parada com o baixo deixa clara a criatividade, independência e entrosamento dos quatro músicos e o devastador solo de guitarra não deixa dúvidas do sucesso que a banda irá experimentar. A bateria é interessante, meio quebrada, mas os vocais são mais simples. Começa então "Baby I'm Gonna Leave You", creditada no encarte como "tradicional", com seu lindo dedilhado no violão e a voz envolvente de Plant. É uma música que se transforma no seu decorrer, com o baixo e a bateria entrando somente no refrão e o dueto violão/voz com uns toques de guitarra mantém os versos, que mostram como a banda incorpora elementos da tradição céltica em seu estilo. Os vocais aqui são mais ousados, com agudos bem pontuados. Após o segundo refrão a música se torna bem mais pesada numa transição muito bem feita para voltar para um solo de violão mais ambiente novamente e um "solo" dos absurdos -no ótimo sentido - vocais de Plant para cair novamente no clima mais roqueiro, quase metaleiro e terminar com o fim das energias.

"You Shook Me" é um blues de Willie Dixon com a típica levada do estilo, e aqui Page e Plant começam uma forma de tocar que continuará para o resto da história da banda: a guitarra acompanhando exatamente a melodia dos vocais, ou vice-versa, não se sabe. Outro ponto forte desse música são os solos, incluindo um de órgão, por John Paul Jones, um de gaita mesclado com vocais por Robert Plant e o último sai das mãos de Jimmy Page e sua guitarra. A bateria não fica atrás e, mesmo não tendo um momento de solo, acompanha os seis minutos e meio da música à altura, com várias viradas. Ao final temos uma "disputa" entre Plant e Page pelo agudo mais potente e que assusta. Com uma passagem bem sutil, a quarta faixa entra cheia de efeitos na guitarra e um blues mais pesado que o anterior novamente mostrando a potência da banda como um todo. Mais um ponto tem que ser atentado nessa música, que é a sua psicodelia, outra marca registrada do estilo que a banda desenvolve, misturando-a com a tradição estadunidense do blues e céltica e ainda o hard rock.

O segundo lado do LP começa com "Your Time Is Gonna Come", uma música mais bonitinha, mais fácil de digerir, que começa com o órgão de Jones e tem seu riff em cima dele. Balada muito boa, que cria um ambiente mais acolhedor dentro do disco. Ainda assim ela não deixa de ter o seu momento rock mais pro final, nas diversões de Page e sua guitarra em solos com slide - quando o guitarrista usa aquele cilindro de acrílico no dedo. Uma das minhas baladas favoritas. Ainda nesse clima bucólico - essa palavra devia ser proibida em uma análise de um disco de rock, mas fazer o quê - "Black Mountain Side" é uma faixa instrumental de Page brincando com violões de 12 e seis cordas acompanhado por uma tabla - instrumento de percurssão indiano - e terminando de repente, parece até que acabou a energia no estúdio.

A etapa final do álbum começa com uma música que é quase um soco na cara. "Communication Breakdown" é uma música típica do hard rock e tem um riff que torna clara a influência dessa banda no heavy metal. O solo, com notas mais rápidas e agudas age da mesma forma, assim como a forma como Plant leva os vocais. De volta ao blues, mas dessa vez um pouco mais pesado, "I Can't Quit You Baby" é outra versão de Dixon, com um riff muito bom no refrão e mais diversão para Page e sua guitarra. A cozinha aqui está mais recatada, se preocupando mais em manter a música para que Page possa tocar sua guitarra. Plant afinado como sempre.

A épica última faixa do álbum, com seus 8' e 28'' de duração, tem um dos riff mais poderosos que já apareceram no Led Zeppelin. Tocado inicialmente pelo baixo e com estripulias da guitarra por cima e ataques dos pratos da bateria e do vocal esse riff entra na faixa mais pesada do disco. Ela também é bastante fechada, bem amarrada, parece ter sido composta como um todo e não ter quase nenhum improviso, coisa rara para essa banda. Aqui Bonhan tem seu grande momento no disco, compartilhando um solo com Page, que leva à uma excelente ponte onde Plant dá seu show, gradualmente entrando o acompanhamento de Jones, até que a música original se transforma totalmente. Cinco minutos depois o riff inicial é tocado novamente para o sensacional fechamento desse excelente debut. Recomendado para qualquer admirador do bom e velho roquenrol.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

03. The Black Crowes - Shake Your Money Maker

A banda (na época desse disco):

Chris Robinson - vocais
Young Rich Robinson - guitarra (solo)
Jeff Cease - guitarra (base)
Steve Gorman - bateria
Johnny Colt - baixo





Lançamento: Jan/1990


Playlist:

01. Twice as Hard
02. Jealous Again
03. Sister Luck
04. Could I've Been so Blind
05. Seeing Things
06. Hard to Handle
07. Thick N' Thin
08. She Talks to Angels
09. Struttin' Blues
10. Stare it Cold

Adoro esse disco. Simples assim. Eu comprei ele em 2004, numa viagem pro exterior. Até onde eu sei nem adianta você sair como um louco - por que eu vou sim tentar fazer você também se apaixonar por esse disco - já que ele saiu de catálogo aqui no país do carnaval há algum tempo. Mas com as maravilhas da internet eu tenho certeza que você consegue ele de outras formas.

Essa banda é uma das minhas favoritas. Como esse é o primeiro álbum gravado pelos Black Crowes, dá pra perceber que eles se formaram pouco antes dos anos 1990, na verdade nem tão pouco, foi em 1984 e eles são estadunidenses. Eles ainda estão na ativa, digo os irmãos Robinson, já que a formação teve diversas alterações durante os anos. O último disco de estúdio dos caras é o "Lions", de 2001, quem quiser procura por que é bom, apesar de nem tanto quanto esse. Eles lançaram uns discos ao vivo, mas isso não conta, o último foi em 2006, ou seja eles estão na ativa. Outras coisas legais desse disco: (1) o produtor executivo é o Rick Rubin - não sabe quem ele é? Vou dar uma canja e você pode clicar aqui. (2) O nome "Shake Your Money Maker" vem de um blues homônimo que um cara chamado Elmore James compôs na década de 1960 e os Black Crowes gravaram num cd duplo de um show que eles fizeram com o Jimmy Page - também não sabe quem é? Pede pra sair! Procura no Google e eventualmente você vai acabar descobrindo alguma música que ele compôs e você conhece (leia-se: "Stairway to Heaven" e/ou "All My Love" e/ou "D'yer Mak'er").

Pra quem gosta de rótulos, eles tocam um hard rock ou stoner rock; prefiro falar das influências: a maior de todas e mais clara são os Rolling Stones. Outras bandas de rock setentistas também entra na lista, como Led Zeppelin ou mesmo os antológicos Creedence Clearwater Revival, Lynryd Skynryd e até Beatles. O que isso significa? Eles tocam um rock mais baseado em riffs basicões mesmo, usam muito os famosso três acordes e solos genuínos, sem a aporrinhação dos virtuosi, ou seja são autênticos blueseiros, além de contar com um vocalista com um tom de voz sensacional e que parece uma hippie. Além disso eles abusam do piano - nos créditos do disco está escrito assim: Músicos adicionais: Chuck Leavell: piano, órgão e jaquetas caras - sempre lembrando o blues e dando um tom de música de saloon pra sonoridade da banda . Outra coisa que eu diria do estilo deles é que eles soam como bandas velhas - os roqueiros setentistas - que se mantiveram e sofreram pequenas influências do mundo dos anos 1980 e 1990.

Nesse álbum estão as baladas mais famosas deles. Apesar disso não é só de musicas pra escutar abraçado com a namorada que vivem os corvos daquele desenho antigo. A banda toca abertamente roquenrou, logo eles têm músicas agitadas e eu diria inclusive dançantes. Quem já ouviu alguma coisa deles conhece pelo menos duas músicas: "Remedy" - do segundo disco - e "She Talks to Angels" - faixa de número oito aqui - , uma das mais bonitas músicas que eu já ouvi. Com um riff de violão muito agradável, acompanhado do piano certeiro e a linda melodia dos vocais de Chris. Logo depois da metade um verso à parte entra fazendo uma reintrodução do violão, que inclusive lembra muito as baladas dos Rolling Stones. As outras baladas são "Sister Luck", também bem parecida com os Stones e "Seeing Things", bem mais devagar e melosa que as outras duas, mas muito boa e com um refrão que usa de todo o grande potencial da voz de Chris Robinson. Ainda sobre as baladas, as letras aqui são meio depressivas, falando sobre perda, vício e tristeza de uma forma geral; no decorrer dos trabalhos da banda as letras vão mudando para o tema do amor de uma forma mais viva e alegre.

As outras sete músicas são um rock mais puxado para o blues. Todas com refrões marcantes e riffs bem característicos da banda. Destaque para "Jealous Again", uma das que mais fizeram sucesso, com o tom meio "pub", devido à forma como o piano é tocado, inclusive no rápido e muito bom solo. Outra caacterística da banda, principalmente desse álbum são as "paradas" que as músicas costumam dar, silenciando a cozinha - baixo e bateria - e ressaltando o vocal e as guitarras e criando um pequeno suspense, normalmente para o refrão ou para uma reintrodução. Exemplos são "Struttin' Blues" e "Hard to Handle", que inclusive é uma versão de um blues da década de 1960 e a única música não creditada aos irmãos corvos.

A abertura é uma música que parece ter sido gravada durante um gig - aqueles shows gigantes em estádios - tamanha a sua energia. "Twice as Hard" tem um riff muito empolgante, assim como os excelentes pré e pós-refrão - feitos em "paradinhas"- e um solo honesto e sem muita firula. Outro momento de destaque é a música "Thick N' Thin", logo após a já mencionada "Hard to Handle", com um começo surpreendente e de andamento mais rápido, é a faixa com mais energia do disco. O solo fica na introdução e no final e o refrão tem uma seqüência interessante de acordes. No meio uma pequena brincadeira com o piano e uma parada muito bem colocada, chamando de volta para o refrão final que termina em um solo geral. Música para se ouvir em uma das highways estadunidenses a uns 140km/h.

Após a boa "Struttin' Blues", que parece mais com as bandas que influenciam os Black Crowes e menos com o estilo que eles desenvolveram, vem a empolgante "Stare it Cold". A última música do disco é baseada num riff de blues mais preguiçoso e sobe em energia durante o refrão, mas se mantendo sempre no ritmo arrastado. O uso do piano e teclados nela é novamente pontual e certeiro, dando o clima de música de saloon do velho oeste estadunidense. Mais uma vez o recurso da "parada" é utilizado, aqui para a reintrodução da música aos últimos dois minutos, que contém um refrão e uma ponte que altera a música para um ritmo bem mais agitado, com uma combinação dos vocais - a letra aí entrando com a metragem perfeita das sílabas - piano, guitarras e cozinha para terminar o disco fervendo com uma expressão perfeita para descrever o que se passou durante os últimos 45 minutos: "Oh yeah!". E tenho dito.