sábado, 29 de dezembro de 2007

05. Led Zeppelin - Led Zeppelin (I)

A banda:

Robert Plant - vocais/gaita
Jimmy Page - guitarras
John Paul Jones - baixo/órgão
John Bonhan - bateria






Lançamento: 12/01/1969


Playlist:

01. Good Times Bad Times
02. Babe I'm Gonna Leave You
03. You Shook Me
04. Dazed and Confused
05. Your Time Is Gonna Come
06. Black Mountain Side
07. Communication Breakdown
08. I Can't Quit You Baby
09. How Many More Times

Uma curiosidadezinha pra quem é fã ou não: clique aqui

Esse é o primeiro disco de uma das maiores bandas da história. O Led Zeppelin foi reunido com o término dos Yardbirds, que teve na formação figuras como Eric Clapton e Jeff Beck, além do franzino Jimmy Page. Para manter o compromisso dos shows marcados após a debandada dos outros membros da banda, Page teve que montar outro grupo que estivesse à altura de, pelo menos, realizar os shows. The New Yardbirds foi formada pelo mesmo quarteto que se transformaria no Led Zeppelin, nome que veio da expressão que Kieth Moon - o surtado baterista do The Who - dava aos shows ruins, que caíam como um zepelim de chumbo ("lead zeppelin"); Page queria à muito tempo ter uma banda com esse nome e aproveitou a oportunidade, mas alterou a grafia - lead para led - para não haver confusão com "zepelim líder".

A estréia da banda foi muito boa, atingindo a 10ª posição nas paradas dos EUA e 4ª na sua terra-mãe, a Inglaterra. Apesar de não ser o melhor disco deles ele é excelente, com um rock um pouco mais pesado que é o embrião do que futuramente seria o metal, mas também muito influenciado pelo blues. Ou seja, o disco tem riffs o tempo todo, músicas mais pesadas do que o que acontecia na época e outras com o andamento preguiçoso do blues. O vocal de Robert Plant é impressionante, ainda que a música que mostra todo o seu potencial ainda estaria por vir no terceiro disco, e os riffs de Page chamam a atenção, como já faziam antes da formação do grupo e o fazem até hoje. John Paul Jones está sempre presente não apenas como o baixista, mas como músico sensacional que é, tocando o órgão em solos inclusive e como arranjador, criando músicas - nesse álbum são quatro das nove, dessas nove outras três são versões. John Bonhan, que já era um baterista famoso antes de entrar para a banda também oferece contribuição valiosa, é máquina atrás de todos impulsionando as músicas com seu ritmo e viradas impressionantes.

A abertura do disco é impositória. Page mostra a que veio, com um riff forte, assim como o acorde que introduz a música. A parada com o baixo deixa clara a criatividade, independência e entrosamento dos quatro músicos e o devastador solo de guitarra não deixa dúvidas do sucesso que a banda irá experimentar. A bateria é interessante, meio quebrada, mas os vocais são mais simples. Começa então "Baby I'm Gonna Leave You", creditada no encarte como "tradicional", com seu lindo dedilhado no violão e a voz envolvente de Plant. É uma música que se transforma no seu decorrer, com o baixo e a bateria entrando somente no refrão e o dueto violão/voz com uns toques de guitarra mantém os versos, que mostram como a banda incorpora elementos da tradição céltica em seu estilo. Os vocais aqui são mais ousados, com agudos bem pontuados. Após o segundo refrão a música se torna bem mais pesada numa transição muito bem feita para voltar para um solo de violão mais ambiente novamente e um "solo" dos absurdos -no ótimo sentido - vocais de Plant para cair novamente no clima mais roqueiro, quase metaleiro e terminar com o fim das energias.

"You Shook Me" é um blues de Willie Dixon com a típica levada do estilo, e aqui Page e Plant começam uma forma de tocar que continuará para o resto da história da banda: a guitarra acompanhando exatamente a melodia dos vocais, ou vice-versa, não se sabe. Outro ponto forte desse música são os solos, incluindo um de órgão, por John Paul Jones, um de gaita mesclado com vocais por Robert Plant e o último sai das mãos de Jimmy Page e sua guitarra. A bateria não fica atrás e, mesmo não tendo um momento de solo, acompanha os seis minutos e meio da música à altura, com várias viradas. Ao final temos uma "disputa" entre Plant e Page pelo agudo mais potente e que assusta. Com uma passagem bem sutil, a quarta faixa entra cheia de efeitos na guitarra e um blues mais pesado que o anterior novamente mostrando a potência da banda como um todo. Mais um ponto tem que ser atentado nessa música, que é a sua psicodelia, outra marca registrada do estilo que a banda desenvolve, misturando-a com a tradição estadunidense do blues e céltica e ainda o hard rock.

O segundo lado do LP começa com "Your Time Is Gonna Come", uma música mais bonitinha, mais fácil de digerir, que começa com o órgão de Jones e tem seu riff em cima dele. Balada muito boa, que cria um ambiente mais acolhedor dentro do disco. Ainda assim ela não deixa de ter o seu momento rock mais pro final, nas diversões de Page e sua guitarra em solos com slide - quando o guitarrista usa aquele cilindro de acrílico no dedo. Uma das minhas baladas favoritas. Ainda nesse clima bucólico - essa palavra devia ser proibida em uma análise de um disco de rock, mas fazer o quê - "Black Mountain Side" é uma faixa instrumental de Page brincando com violões de 12 e seis cordas acompanhado por uma tabla - instrumento de percurssão indiano - e terminando de repente, parece até que acabou a energia no estúdio.

A etapa final do álbum começa com uma música que é quase um soco na cara. "Communication Breakdown" é uma música típica do hard rock e tem um riff que torna clara a influência dessa banda no heavy metal. O solo, com notas mais rápidas e agudas age da mesma forma, assim como a forma como Plant leva os vocais. De volta ao blues, mas dessa vez um pouco mais pesado, "I Can't Quit You Baby" é outra versão de Dixon, com um riff muito bom no refrão e mais diversão para Page e sua guitarra. A cozinha aqui está mais recatada, se preocupando mais em manter a música para que Page possa tocar sua guitarra. Plant afinado como sempre.

A épica última faixa do álbum, com seus 8' e 28'' de duração, tem um dos riff mais poderosos que já apareceram no Led Zeppelin. Tocado inicialmente pelo baixo e com estripulias da guitarra por cima e ataques dos pratos da bateria e do vocal esse riff entra na faixa mais pesada do disco. Ela também é bastante fechada, bem amarrada, parece ter sido composta como um todo e não ter quase nenhum improviso, coisa rara para essa banda. Aqui Bonhan tem seu grande momento no disco, compartilhando um solo com Page, que leva à uma excelente ponte onde Plant dá seu show, gradualmente entrando o acompanhamento de Jones, até que a música original se transforma totalmente. Cinco minutos depois o riff inicial é tocado novamente para o sensacional fechamento desse excelente debut. Recomendado para qualquer admirador do bom e velho roquenrol.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

04. Franz Ferdinand - You Could Have It So Much Better

A banda:

Alex Kapranos - vocais/guitarra
Nick McCarthy - vocais/guitarra/piano
Bob Hardy - baixo
Paul Thomson - bateria


Lançamento: 04/10/2005

Playlist:

01. The Fallen
02. Do You Want To
03. This Boy
04. Walk Away
05. Evil and a Heathen
06. You're the Reason I'm Leaving
07. Eleanor Put Your Boots On
08. Well That Was Easy
09. What You Meant
10. I'm Your Villain
11. You Could Have It So Much Better
12. Fade Together
13. Outsiders


Nem sempre gostei dessa banda. Quando eu comprei o primeiro disco dele eu me arrependi até que eles se tornaram uma das bandas novas que eu mais ouço. Como eles apareceram logo depois dos Strokes eu pensava que eram simplesmente uma resposta da indústria fonográfica britânica/européia aos "salvadores do rock" dos EUA - à propósito eles foram chamados pela nossa cara Rede Globo de Televisão de "a nova coqueluche do rock mundial". Ainda assim eu achava eles mais legais que os bêbados estadunidenses; apesar de gostar de Strokes também eu prefiro a sonoridade britânica do Fraz Ferdinand. Essa foi a minha idéia da banda até eu descobrir, com esse segundo disco, que eles eram muito maioes que isso. Agora eles se mostraram bastante independentes das marés do mainstream, com composições bem mais originais. Muito diferente do primeiro disco, é até difícil comparar os dois e dizer qual é o melhor, a banda também se diferenciou no mundo indie com essas novas composições.

Eles se juntaram - em Glasgow, Escócia - com a intenção de tocar músicas dançantes, sem deixar de lado o rock, algo que não é explorado por quase nenhuma banda brasileira, apesar de existir bastante fora. Quando eles apareceram foram comparados com o Interpol, banda formada três anos antes em Nova York; eles realmente guardam semelhanças, mas os escoceses sempre soaram melhores para mim. O ritmo bem marcado, tanto pela bateria quanto pelo baixo, caracteriza o estilo deles, assim como o tom de voz bem mais grave que o que estamos acostumados a ouvir nesses últimos anos, fazendo a música lembrar bastante alguns grandes do fim dos anos 1970 e da década de 1980, como Talking Heads, Joy Division ou mesmo Gang of Four. O vocalista e galã nas horas vagas Alex Kapranos é na verdade um dos pontos fortes da banda, tanto pelo seu tom de voz como pela levada das melodias que canta. Apesar disso nesse disco eles mostram uma faixa que me espantou bastante, mostrando outras influências bem anteriores da banda.

A faixa de abertura é uma surpresa para quem estava acostumado com o vocal mais simples, em termos de versos curtos bem visível no primeiro disco. Kapranos canta muito mais rápido que o de costume, o que é propiciado pela letra mais longa. A introdução dela também é muito interessante, passando por quase todos os riffs de guitarra usados no decorrer da faixa. Uma parada das guitarras mantendo a cozinha tocando mantém a energia da música para um final bem estruturado com um "solo" de guitarra bem disfarçado, já que não é - ou era, no disco anterior - de costume deles usar esse recurso em suas composições. A segunda música foi o primeiro hit do álbum, e é mais semelhante às do disco anterior. Apesar de ser relativamente simples, não deixa de ser empolgante e mostrar todo o poder das guitarras da banda. "This Boy" é mais diferente do que eles costumavam fazer, sendo mais explorada a guitarra em tons agudos, contrastando com o tom de voz dos vocais. Ela também levanta uma questão polêmica da banda, a homossexualidade. Assim como em "Michael", do primeiro disco deles, essa é uma música que trata de um garoto, que é dito "bom pretendente" na letra.

A terceira música foi a segunda de trabalho que apareceu aqui nas terras tupiniquins, não sei lá fora. É uma espécie de balada mórbida - à propósito morbidez é um adjetivo bom para as músicas paradoxalmente animadas deles. Essa composição me lembra The Cure, tem uma melodia mais preguiçosa e um refrão bem forte. A letra fala do desprezo do sujeito com os seus casos amorosos, mostrando como ele não se importa mas a separação é algo muito grande. Os próprios componentes da banda admitem não querer passar nenhuma mensagem m suas letras, portanto elas não são lá muito criativas. Em seguida a polaridade é invertida em um riff carregado de raiva e distorção. "Evil and a Heathen" é uma música explosiva e um dos motivos pelos quais esse álbum é tão diferente do primeiro, com muita distorção em uma das guitarras e uma melodia raivosa nos vocais. Mantendo o clima, a sexta faixa é mais dançante que as duas anteriores, com a guitarra interessante acompanhando o vocal e um solo de guitarra no meio, mas que não é exatamente um solo de acordo com o que nossos ouvidos estão acostumados. O final dela é repentido então para a entrada da faixa mais surpreendente do disco na minha opinião.

"Eleanor Put Your Boots On" é uma composição perdida dos Beatles. Isso não é verdade, mas poderia perfeitamente sê-lo. Os vocais aqui são um pouco mais agudos, a base é feita num violão e um piano acompanha a músca inteira, que tem um ritmo mais acelerado que o de costume da banda. Após todos os refrões uma ponte é feita com a guitarra mais distorcida e o piano. O piano também é ator de um belo riff que está tanto na introdução quanto em uma transição no decorrer da faixa. Essa música é uma prova concreta de como o quarteto de Liverpool impôs um curva na história da música mundial. Uma das maiores surpresas que o Franz Ferdinand já me proporcionou é essa linda composição. Se você não quiser ouvir o disco inteiro ouça essa música. Só atente para o fato de que no clipe, como é de costume da banda, a música é um pouco diferente, mais acelerada e tem um bandolim no lugar do piano em algumas partes. Agora, se você gosta da banda e quer ser surpreendido mas já conhece essa música procure covers que eles tenham tocado. Um belo exemplo é a cover de "What You Waiting For" da Gwen Stefany, ex-vocalista do No Doubt e atualmente seguidora do legado Britney Spears. O "clipe" - na verdade é uma montagem - clicando aqui.

Depois desse divisor de águas na concepção do que era e o que é o Franz Ferdinand voltamos à nossa programação normal com a empolgante "Well That Was Easy". Seu maior trunfo é sua finalização. Se não fosse por ela seria uma música bem semelhante às anteriores. Isso entretanto não impede que ela seja uma boa música, apenas não vai além do que está no resto do disco. A faixa seguinte começa com uma poderosa introdução, que levanta ainda mais o já alto nível de energia presente. Apesar de ser agradável ela peca pelo excesso, pelo menos essa sempre foi a minha opinião em relação a ela. Imagino que se "What You Meant" terminasse na penúltima estrofe seria bem melhor. Mas é apenas um pequeno detalhe. "I'm Your Villain" é outro ponto alto do álbum. Seus riffs são poderosos, empolgantes, impõem-se no ambiente. A linha de baixo dela ajuda, bem grave e simples compõe o clima da música. A bateria dela também de destaca, enfim, é uma música muito boa.

A próxima faixa - que dá nome ao disco - vem depois do bom solo que finaliza a anterior, com uma abertura sensacional apenas com o vocal e a guitarra. Eu acho que ela é a melhor faixa do disco, excluindo-se "Eleanor Put Your Boots On", já que esta foge bastante do estilo da banda. Com um ritmo bem rápido e ascendente, ela é a mais empolgante e tem um solo - eles são mais um dos fatores que diferenciam esse disco do anterior - muito bom. Sua finalização é tão empolgante quanto todo o resto, porém é em um nível acima de energia e termina de repente, introduzindo a canção de ninar do disco, "Fade Together".

Encaminhando-se para o final uma baladinha, com o piano realizando seu papel e mostrando a gama de possibilidades dessa banda. Para terminar o ótimo álbum, "Outsiders" tem certa influencia de funk nas guitarras e no baixo, mas a utilização de um sintetizador tranporta a música para o espaço sideral. Um ÔÔÔôôôô intermitente na faixa contribui para o clima de estranheza que ela provoca e o solo - novamente ele - feito no sintetizador reintroduz a primeira estrofe para terminar bem o disco. Enfim, se você gosta de um rock mais cru e da sonoridade dos grupos britânicas, mas não conhece bandas mais novas essa é uma excelente oportunidade. E se você é indie obviamente conhece o Fraz Ferdinand e se nunca ouviu esse disco está no prejuízo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

03. The Black Crowes - Shake Your Money Maker

A banda (na época desse disco):

Chris Robinson - vocais
Young Rich Robinson - guitarra (solo)
Jeff Cease - guitarra (base)
Steve Gorman - bateria
Johnny Colt - baixo





Lançamento: Jan/1990


Playlist:

01. Twice as Hard
02. Jealous Again
03. Sister Luck
04. Could I've Been so Blind
05. Seeing Things
06. Hard to Handle
07. Thick N' Thin
08. She Talks to Angels
09. Struttin' Blues
10. Stare it Cold

Adoro esse disco. Simples assim. Eu comprei ele em 2004, numa viagem pro exterior. Até onde eu sei nem adianta você sair como um louco - por que eu vou sim tentar fazer você também se apaixonar por esse disco - já que ele saiu de catálogo aqui no país do carnaval há algum tempo. Mas com as maravilhas da internet eu tenho certeza que você consegue ele de outras formas.

Essa banda é uma das minhas favoritas. Como esse é o primeiro álbum gravado pelos Black Crowes, dá pra perceber que eles se formaram pouco antes dos anos 1990, na verdade nem tão pouco, foi em 1984 e eles são estadunidenses. Eles ainda estão na ativa, digo os irmãos Robinson, já que a formação teve diversas alterações durante os anos. O último disco de estúdio dos caras é o "Lions", de 2001, quem quiser procura por que é bom, apesar de nem tanto quanto esse. Eles lançaram uns discos ao vivo, mas isso não conta, o último foi em 2006, ou seja eles estão na ativa. Outras coisas legais desse disco: (1) o produtor executivo é o Rick Rubin - não sabe quem ele é? Vou dar uma canja e você pode clicar aqui. (2) O nome "Shake Your Money Maker" vem de um blues homônimo que um cara chamado Elmore James compôs na década de 1960 e os Black Crowes gravaram num cd duplo de um show que eles fizeram com o Jimmy Page - também não sabe quem é? Pede pra sair! Procura no Google e eventualmente você vai acabar descobrindo alguma música que ele compôs e você conhece (leia-se: "Stairway to Heaven" e/ou "All My Love" e/ou "D'yer Mak'er").

Pra quem gosta de rótulos, eles tocam um hard rock ou stoner rock; prefiro falar das influências: a maior de todas e mais clara são os Rolling Stones. Outras bandas de rock setentistas também entra na lista, como Led Zeppelin ou mesmo os antológicos Creedence Clearwater Revival, Lynryd Skynryd e até Beatles. O que isso significa? Eles tocam um rock mais baseado em riffs basicões mesmo, usam muito os famosso três acordes e solos genuínos, sem a aporrinhação dos virtuosi, ou seja são autênticos blueseiros, além de contar com um vocalista com um tom de voz sensacional e que parece uma hippie. Além disso eles abusam do piano - nos créditos do disco está escrito assim: Músicos adicionais: Chuck Leavell: piano, órgão e jaquetas caras - sempre lembrando o blues e dando um tom de música de saloon pra sonoridade da banda . Outra coisa que eu diria do estilo deles é que eles soam como bandas velhas - os roqueiros setentistas - que se mantiveram e sofreram pequenas influências do mundo dos anos 1980 e 1990.

Nesse álbum estão as baladas mais famosas deles. Apesar disso não é só de musicas pra escutar abraçado com a namorada que vivem os corvos daquele desenho antigo. A banda toca abertamente roquenrou, logo eles têm músicas agitadas e eu diria inclusive dançantes. Quem já ouviu alguma coisa deles conhece pelo menos duas músicas: "Remedy" - do segundo disco - e "She Talks to Angels" - faixa de número oito aqui - , uma das mais bonitas músicas que eu já ouvi. Com um riff de violão muito agradável, acompanhado do piano certeiro e a linda melodia dos vocais de Chris. Logo depois da metade um verso à parte entra fazendo uma reintrodução do violão, que inclusive lembra muito as baladas dos Rolling Stones. As outras baladas são "Sister Luck", também bem parecida com os Stones e "Seeing Things", bem mais devagar e melosa que as outras duas, mas muito boa e com um refrão que usa de todo o grande potencial da voz de Chris Robinson. Ainda sobre as baladas, as letras aqui são meio depressivas, falando sobre perda, vício e tristeza de uma forma geral; no decorrer dos trabalhos da banda as letras vão mudando para o tema do amor de uma forma mais viva e alegre.

As outras sete músicas são um rock mais puxado para o blues. Todas com refrões marcantes e riffs bem característicos da banda. Destaque para "Jealous Again", uma das que mais fizeram sucesso, com o tom meio "pub", devido à forma como o piano é tocado, inclusive no rápido e muito bom solo. Outra caacterística da banda, principalmente desse álbum são as "paradas" que as músicas costumam dar, silenciando a cozinha - baixo e bateria - e ressaltando o vocal e as guitarras e criando um pequeno suspense, normalmente para o refrão ou para uma reintrodução. Exemplos são "Struttin' Blues" e "Hard to Handle", que inclusive é uma versão de um blues da década de 1960 e a única música não creditada aos irmãos corvos.

A abertura é uma música que parece ter sido gravada durante um gig - aqueles shows gigantes em estádios - tamanha a sua energia. "Twice as Hard" tem um riff muito empolgante, assim como os excelentes pré e pós-refrão - feitos em "paradinhas"- e um solo honesto e sem muita firula. Outro momento de destaque é a música "Thick N' Thin", logo após a já mencionada "Hard to Handle", com um começo surpreendente e de andamento mais rápido, é a faixa com mais energia do disco. O solo fica na introdução e no final e o refrão tem uma seqüência interessante de acordes. No meio uma pequena brincadeira com o piano e uma parada muito bem colocada, chamando de volta para o refrão final que termina em um solo geral. Música para se ouvir em uma das highways estadunidenses a uns 140km/h.

Após a boa "Struttin' Blues", que parece mais com as bandas que influenciam os Black Crowes e menos com o estilo que eles desenvolveram, vem a empolgante "Stare it Cold". A última música do disco é baseada num riff de blues mais preguiçoso e sobe em energia durante o refrão, mas se mantendo sempre no ritmo arrastado. O uso do piano e teclados nela é novamente pontual e certeiro, dando o clima de música de saloon do velho oeste estadunidense. Mais uma vez o recurso da "parada" é utilizado, aqui para a reintrodução da música aos últimos dois minutos, que contém um refrão e uma ponte que altera a música para um ritmo bem mais agitado, com uma combinação dos vocais - a letra aí entrando com a metragem perfeita das sílabas - piano, guitarras e cozinha para terminar o disco fervendo com uma expressão perfeita para descrever o que se passou durante os últimos 45 minutos: "Oh yeah!". E tenho dito.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

02. The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

A banda:

John Lennon - vocais/guitarra/piano
(James) Paul McCartney - vocais/baixo
George Harrison - vocais/guitarra
Ringo Starr - vocais/bateria


Lançamento: 01/06/1967


Playlist:

01. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
02. With a Little Help From My Friends
03. Lucy In The Sky With Diamonds
04. Getting Better
05. Fixing a Hole
06. She's Leaving Home
07. Being for the Benefit of Mr. Kite!
08. Within You Without You
09. When I'm Sixty-Four
10. Lovely Rita
11. Good Morning Good Morning
12. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (reprise)
13. A Day In The Life


Primeira análise. Para começar muito bem, um clássico de uma banda que todo mundo conhece, apesar de que - por mais incrível que isso possa parecer - nem todos gostam.

Esse quarentão foi um dos últimos discos do quarteto de besouros - outros cinco se sucederam, entre três de estúdio e duas trilhas sonoras até o fim da banda em 1970. Considerado pela maioria da crítica o ápice da carreira do grupo, ele é uma conseqüência de um processo que vinha tomando forma desde o disco "Rubber Soul", de 1965. A influência da música e da filosofia indianos, além das viagens - essas etéreas e não físicas - causadas pelo uso do LSD, estão muito presentes nesse álbum, sendo palco da divertida história à cerca do título da terceira faixa, "Lucy in the Sky with Diamonds". Na verdade essa é uma das coincidências não explicáveis na história do rock; o que consta é que Lennon - que sempre negou essa ligação entre os nomes da música e da droga - vira um desenho feito por uma menina - que eu não lembro quem era - de uma garotinha num céu com estrelas que mais pareciam diamantes. O nome da garotinha segundo a atora da arte? Lucy!

Outro aspecto chamativo desse disco é a sua capa. A banda queria um funeral na capa, pois esse disco não seria dos Beatles, mas de uma nova banda que enterrou o quarteto: a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Se você olhar a capa direito verá que os Beatles estão enterrados e quem está na capa é uma banda com vestimentas típicas de bandas militares - do tal sargento Pimenta. Mas aí veio a pergunta: "Quem irá ao funeral?". Cada um - com exceção de Starr - fez uma lista de quem queria lá e as fotos foram montadas nessa capa sensacional. Algumas das personalidades: os Beatles originais - com isso digo os do inicinho dos anos 1960 - Bob Dylan, Marilyn Monroe, Sigmund Freud, Edgar Allan Poe, Marlon Brando e ainda alguns gurus indianos por exigência de Harrison.

Para quem não conhece de fato os Beatles, ouvir o disco pode ser uma experiência estranha. Justamente devido à influência indiana, o disco contém algumas composições não usuais aos nossos ouvidos acostumados ao popzinho jabazento das rádios. A principal delas é a faixa oito, "Within You, Without You", composta por Harrison e utilizando instrumentos do país do Gandhi. Mas o disco também guarda músicas muito conhecidas, como a irônica "When I'm Sixty-Four", onde McCartney imagina sua pacata e utópica vida de homem casado aos 64 anos. Em 2006, quando chegou à idade se viu viúvo, em processo de divórcio e ainda compondo muito, estando plenamente ativo, apesar de menos próximo da mídia que em 1967.

Além da inovação - que já nem era tão inovadora assim na época - da utilização de instrumentos indianos, o disco traz a inclusão, em algumas das faixas, de uma orquestra. Um bom exemplo disso é a primeira faixa, com um riff de guitarra bem roqueiro que segue um curso normal até o surgimento dos metais, bem distoantes das guitarras, mas de forma alguma incômodos. Essa música também faz a apresentação da nova banda e funciona como uma introdução interessante dentro do contexto do álbum. Ela será reprisada em uma interessante versão mais "eletrônica" na faixa 12. Ringo entra em seguida com mais uma das músicas compostas para se encaixar com perfeição em seu peculiar tom de voz, "With a Little Help from My Friends". À propósito, o disco foi construído para ser ouvido direto, sem paradas, as músicas ligam umas nas outras, então não tentem ouvi-lo no "random", acaba com a sua lógica.

A psicodelia também tem lugar garantido em composições como a já citada "Lucy in the Sky with Diamonds", "Good Morning Good Morning" e "Fixing a Hole". Além disso a maravilhosa melodia e letra de "She's Leaving Home" faz com que você fique um tempo pensando na personangem da música. Os refrões grudentos das agradáveis "Getting Better" e "Lovely Rita" ajudam a manter o ritmo do ouvinte, pois são as músicas mais pop do disco, o que não as torna pior que as outras, apenas mais digeríveis.

"A Day in the Life", é o fechamento do álbum, quando uma cacofonia de instrumentos clássicos transforma uma música bonitinha em uma de ritmo mais marcado e acelerado e de volta à ela para terminar o disco em uma absurda, mas precisa confusão de sons acendentes culminando em um forte acorde no piano. O Gran-finale para um disco essencial que te deixa meio aturdido durante mais ou menos 30 minutos. Palmas para os nem-tão-rapazes de Liverpool.

01. Intro

Sempre fui muito crítico. Sempre gostei de música também. Acabei lendo muito e formando diversas opiniões sobre o que eu ouço e o que me mostram. Não me contenho pra falar que algo é ruim nem para elogiar alguma coisa que eu já desprezei algum tempo atrás.

Por essas e outras resolvi montar esse blog com o pretencioso nome de "Some music guide", paródia de um dos melhores sítios na net sobre música. Apesar de ser um roqueiro convicto que sabe que nunca vai deixar de sê-lo, vou tentar ser o mais eclético que eu conseguir no meu objetivo aqui: postar impressões, opiniões e críticas sobre alguns álbuns. Vou tentar colocar artistas novos, velhos, calmos, raivosos, bonitinhos, toscos, rápidos, baladeiros...enfim, vou tentar colocar de tudo.


Eventualmente, algumas opiniões mais fortes surgirão e minhas preferências vão se tornar claras. Ainda assim, o objetivo é ser exatamente isso: objetivo. Não sou idiota de dizer que vou ser neutro ou dono da verdade - já disse que vou expor minhas opiniões - mas vou tentar mostrar argumentos que de fato sejam bons para sustentar o que eu dizer. Críticas e elogios são bem vindos, se alguém se sentir intimidado pode mandar pro meu email mesmo.
Obrigado pela visita e bom divertimento.