Artista solo; tem tanta gente que toca com ele no disco que deu preguiça de colocar a banda aqui.
Lançamento: 11/03/2003
Playlist:
01. With My Own Two Hands
02. When It's Good
03. Diamonds On The Inside
04. Touch Form Your Lust
05. When She Believes
06. Brown Eyed Blues
07. Bring The Funk
08. Everything
09. Amen Omen
10. Temporary Remedy
11. So High So Low
12. Blessed To Be A Witness
13. Picture Of Jesus
14. She's Only Happy In The Sun
Muita gente conhece o Ben Harper atualmente. Ele fez a parceria com a Vanessa da Mata e a música deles toca o dia inteiro no rádio. Eu também acho aquela música legal, mas não tudo o que se diz por aí; as músicas solo de ambos são melhores. Por isso eu resolvi fazer uma análise desse disco de um dos músicos mais absurdamente completos que eu conheço. O cara toca tudo, muito bem e até faz umas músicas solo de vocais - capelas - muito boas.
Esse disco teve duas músicas que até fizeram um sucesso relativo, a primeira - "With My Own Two Hands" - e a faixa-título. Sozinhas elas mostram um pouco da variedade musical desse cara; a primeira é um reggae misturado com funk e a segunda uma baladinha com um ar surfista, de fato parecido com o Jack Johnson, mas bem mais rica, com uma progressão musical muito própria e um solo de guitarra, além de ter a voz bem mais agradável de Harper. O álbum passa por quase todos os gêneros da música negra, desde as suas raízes africanas, passando pelo blues, o soul, o reggae, o funk - estilo musical que surgiu na década de 1930, estourando entre os anos 1950 e 1970 e é uma espécie de "jazz das ruas", estilo de bandas como Jamiroquai e que o Red Hot Chili Peppers inclui na sua feijoada musical - e até mesmo o rock psicodélico, tudo tocado de forma apaixonada pelo artista.
Os solos desse álbum são um tópico à parte. Não por serem impressionantes, Ben Harper não é um virtuoso que fica querendo mostrar toda a sua destreza e velocidade, mas por serem tão carregados de emoção que se encaixam em músicas que normalmente não teriam um - "Diamonds On The Inside" é um exemplo disso, se fosse tocada pelo Jack Johnson ou seus afilhados não teria um solo. A intimidade de Harper com a guitarra é tamanha que suas músicas aceitam o instrumento por mais inesperado que seja a sua participação.
A quinta faixa, "When She Believes", é uma exceção dentro do disco. Com um clima vienense, ela tem quase uma orquestra de câmara tocando essa composição belíssima, que conta inclusive com um acordeon, que contribui para a dita atmosfera. A melodia da voz de Harper também é estupenda aqui, mas ainda não é seu grande momento. Em seqüência a polaridade é revertida, e da calma e quase melancólica faixa 5, entramos no funk "Brown Eyed Blues", apesar de o nome aparentemente negar - "blues" aqui vem no sentido do estado de espírito e não do estilo musical. A guitarra com a típica levadinha do estilo e a energia que o acompanha invariavelmente levantam o atral do disco. Um solo de baixo e guitarra são o grande destaque dessa música, assim como seu fechamento, com a importante participação da percurssão. "Bring The Funk" é o outro funk do disco, no sentido mais puro, pois a sua influência ocorre no disco todo. O baixo aqui vem com um riff sensacional, muito impositivo e, no geral, essa música supera a anterior, contando com teclado e uma parada sensacional, além de ter um ritmo melhor.
A atmosfera volta a esfriar com a faixa seguinte, mas continua mais animada, pois ela é mais pop, num estilo que contém soul, mas principalmente as ondas da Califórnia, onde Harper nasceu. "Everything" também tem uma boa letra, característica do artista, às vezes alegre, às vezes melancólico, como na faixa seguinte, "Amen Omen", que conta com uma excelente percurssão, além da tríplice de trunfos Harper: ótimas levadas no violão, letra bem escrita e voz excelente, tanto o timbre quanto a melodia; tudo isso misturado com muita emoção, pois, para quem quiser ver alguma apresentação ao vivo dele , suas músicas são parte de si. Atenção para o final dessa música e o sensacional conjunto de vozes, incluindo a de Harper.
Saímos do soul e sua melancolia para novamente tomar um choque com as faixas 10 e 11, com clara influência de Jimi Hendrix, mostrando todo o poder das guitarras do cara que antes parecia um bom-moço. Muita distorção e solos ensandecidos nas duas músicas de rock dos anos 1970 do disco. À propósito a década de 1970 é de grande influência para Harper, tanto pelo rock, quanto pelo funk, assim como os anos 1960 com o soul e o blues. "So High So Low" tem uma peculiaridade, começando com um dedilhado em violão e, de repente, surge o grito do meliante que, no primeiro verso, mata uma cobra com uma Bíblia e continua a música jogando sua mulher no chão e mais embaixo.
"Blessed To Be A Witness" e "Picture Of Jesus" vão de encontro com o profano roquenrol das faixas anteriores com letras gospel. Isso mesmo, ele canta sobre Jesus. Apesar do paradoxo, a ligação de "So High So Low" e "Blessed To Be A Witness" é tranqüila e acontece sem sustos. O clima agora é de "O Rei Leão", com uma percurssão muito competente e abusando das vozes, remontando ás origens do blues e ainda antes, em estilos de música típicos da África. É em "Picture Of Jesus" que Harper mais impressiona em seu 7º disco, 5º de estúdio. A faixa não tem instrumentos, é uma capela, com as vozes fazendo as vezes deles. É muito interessante ficar tentando prestar atenção a cada uma das vozes e suas funções na música. A última faixa termina o disco com um sentimento de que a gente vai querer escutar de novo amanha, não sei explicar muito bem o porquê, mas é o que acontece. Pra quem só ouviu "Boa Sorte", gosta de Jack Johnson ou simplesmente quer ouvir um músico completíssimo, que toca tudo que põe na mão e tem uma versatilidade enorme além de paixão por suas músicas essa é uma ótima pedida.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
06. Ben Harper - Diamonds On The Inside
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2 comentários:
Nossa, quanta coincidência... nessas férias eu baixei em meu computador uma variedade enorme de músicas do Ben Harper.Lógico que não possuo o seu senso crítico,Igor,mas aprecio demais o som desse cara.
Me lembro da primeira música que ouvi dele, aliás,foi assistindo o clipe de "Diamonds on the inside" que fiquei super curiosa para ouvir esse cara que me trouxe uma tranquilidade enorme.
Percebi com o tempo que ele não faz apenas músicas estilo "Surf",mas possui talento para a mistura de gêneros musicais que tanto me agrada.
Ótima pedida essa de escrever sobre esse cara!
Adoro os comentários sobre composiçõs, arranjos e críticas musicais que você escreve! É um prazer ler, ainda mais podendo acessar direto os sons das pessoas sobre as quais estou lendo.
Beijo e até a próxima!!
Deus te achei por aqui!!!!????
Não acredito vc tbm bloga???
A não acredito nisso... Vai no meu blog e me add.
Bju
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