sábado, 3 de maio de 2008
10. Bob Dylan – The Freewheelin’ Bob Dylan
A banda:
Bob Dylan – vocais/violões/gaitas
Lançamento: 27/05/1963
Playlist:
01. Blowin’ in the Wind
02. Girl from the North Country
03. Masters of War
04. Down the Highway
05. Bob Dylan’s Blues
06. A Hard Rain’s A-Gonna Fall
07. Don’t Think Twice, it’s All Right
08. Bob Dylan’s Dream
09. Oxford Town
10. Talking World War III Blues
11. Corrina, Corrina
12. Hony, just Allow Me One More Chance
13. I Shall Be Free
Bob Dylan é uma lenda viva. É com certeza o músico mais influente vivo – em se considerando que os Beatles foram uma banda, apesar de quê, eles foram influenciados por esse caipira. Escolhi fazer a análise desse disco porque ele vem me aliviando muita coisa. É um disco muitíssimo simples e considerado por muitos o melhor da longuíssima carreira do artista – seu primeiro álbum, homônimo e só de covers, é de 1962. Nesse segundo disco, Dylan toca sozinho – exceto em “Corrina, Corrina” – como se estivesse sentado em um bar com seu violão e sua gaita; esse é um dos fatos admiráveis quando se fala dele: com apenas 22 anos e um contrato prestes a ser perdido pelas terríveis vendas do seu primeiro disco, ele simplesmente grava sua obra-prima que, sem usar de quase nada se torna um dos discos obrigatórios aos ouvidos de qualquer pessoa sensata.
O folk, estilo que permeia o álbum e a carreira de Dylan era, na época, um estilo subversivo, adorado pelos universitários e boêmios dos EUA. Protestos eram sempre feitos através das canções folk, é só lembrarmos de Johnny Cash e mesmo prestar atenção a algumas das músicas desse disco, como “Masters of War” e “A Hard Rain’s A-Gonna Fall” para vermos a inspiração contestadora para a gravação. Uma das características que destacaram Dylan na época e destacam-no até hoje é sua facilidade de compor letras muito superiores à média. Sua outra inspiração para compor foi a sua namorada Suze Rotolo, que na época estava na Itália. Suze, à propósito é quem divide a linda capa do disco com Dylan.
A primeira música do álbum é uma masterpiece, como se diz no idioma de Shakespeare. É uma música que, apesar de ser muito simples, tem uma memorável letra de questionamentos, o que veio a ser uma das marcas do artista. “Blowin’ in the Wind” é a música desse álbum que todos nós já havíamos escutado antes mesmo de conhecer Dylan, tal a sua repercussão global. Em menos de três minutos as vendas do disco estavam garantidas e a carreira de Dylan salva com a boa escolha de se abrir o álbum com esse clássico.
Na minha opinião, porém, a música mais surpreendente é a seguinte: “Girl from the North Country”. Talvez por eu já conhecer a anterior, mas a sutileza da segunda faixa tanto em sua letra apaixonada como pela melodia do violão e vocal, como pela bela demonstração de como se tocar uma gaita e até a forma como Dylan consegue trabalhar sua voz rouca e pouco musical. Desde a primeira vez que ouvi o álbum essa era minha canção favorita. Além dela, “Down the Highway” também recebe um toque da melancolia do amor distante de Dylan e mostra, de quebra, sua grande habilidade com o violão. Essa habilidade é vista também em “Don’t Think Twice, it’s All Right”, porém nela não é o amor o tema, mas o fim dele.
A veia política também é ressaltada, como foi dito antes, em canções com o violão sempre bem repetitivo, não em um sentido negativo, mas com a intenção de manter a atenção na letra, eu imagino. Mesmo que a melodia do violão seja repetitiva como característica do folk, aqui ela se torna quase hipnótica, conseqüência da duração dessas canções, todas com mais de quatro minutos, contrastando por exemplo com o 1:50 de “Oxford Town”.
Algumas músicas são simplesmente uma diversão. Não têm preocupação com uma letra profunda, mas sim com o processo de composição por si só. “I Shall Be Free” e “Bob Dylan’s Blues” são exemplos claros disso; o cantor inclusive dá risadas no decorrer da última. São músicas mais orgânicas, que você pode escutar sem se preocupar com absolutamente nada. Outras duas faixas devem ser mencionadas também: “Corrina, Corrina” e “Honey, just Allow Me One More Chance”, ambas versões, a primeira uma músicas tradicional estadunidense e a segunda de , ambas excelentes.
Bob Dylan, como eu já disse, é uma lenda. Na música estadunidense ele está no mesmo patamar de artistas do calibre de Elvis Presley e Louis Armstrong, para citar seus “contemporâneos” – se considerarmos a que pé andava o cenário musical no início dos anos 1960. Dylan tinha um grande ídolo, Woody Guthrie, que foi quem o fez começar a compor e contestar a sociedade. Ele é um caso no qual o aluno superou o mestre. Não é preciso dizer que Dylan é obrigatório para qualquer um mas, se for preciso escolher apenas um álbum, eu não hesitaria em dizer The Freewheelin’ Bob Dylan.
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